quarta-feira, 9 de maio de 2012

A Morte da Formosura


Este post é uma espécie de lamento, por um aspecto da nossa cultura que está a morrer, e que poderá nunca mais ressurgir. É a formosura. A formosura está a morrer. Há muitas definições de formosura. Por mim, defino-a, aqui e agora, como uma combinação equilibrada, e mutuamente enriquecedora, de beleza e inocência. Noutros tempos, as mulheres gostavam de projetar uma imagem de inocência. Não pretendo com isto idealizar o passado, nem, sendo a concupiscência o que é, tenho quaisquer ilusões acerca das virtudes dos nossos avós. Mas, noutros tempos, as coisas eram diferentes. Em primeiro lugar, quase todas as mulheres bonitas gostavam de projetar em público – independentemente dos seus estados de alma – uma imagem de inocência e de virtude. E é essa combinação de beleza e inocência que define a formosura. De uma maneira geral, e por natureza, esta combinação traz à superfície as melhores qualidades dos homens, mais ainda, o melhor que há neles. Esta combinação de beleza e inocência, a formosura, suscita nos homens o desejo de a defender e a proteger. As jovens de hoje não parecem aspirar à formosura, preferindo ser picantes. Ora, ser picante é uma coisa completamente diferente. E, quando as mulheres preferem ser picantes a ser formosas, é porque se veem com determinados olhos; consequentemente, os homens também olham para elas doutra maneira. Como já observei, a formosura traz à superfície os mais nobres instintos masculinos, que são proteger e defender. A formosura é apreciada. Já o picante é um produto, cujo valor é temporário e destinado a ser usado. É um bem de consumo. Não há domínio em que este déficit de formosura seja tão manifesto como no das «estrelas», aquelas pessoas que elevamos ao nível do «ideal». As estrelas dos anos 50 cometiam indubitavelmente os mesmos pecados que as estrelas nossas contemporâneas; as estrelas dos anos 50 não eram ideais, mas visavam um ideal público diferente do dos nossos dias. Não é nada difícil perceber as vantagens do picante relativamente ao formoso – e nem era preciso terem feito um musical a explicá-las, mas até fizeram. Ninguém pode esquecer a formosura de Olivia Newton John no começo de Brilhantina. Olivia era bela e inocente. Mas o desejo de ser desejada fá-la repudiar o que nela tinha valor, na vã expectativa de captar as atenções de um rapaz. Pelo caminho, destrói a sua inocência e destrói a formosura. Fica apenas o picante. E o picante é um bem de consumo, que consome enquanto é consumido, mas que não aquece por dentro. Em geral, as raparigas já não querem ser formosas (quando percebem o que isso quer dizer). É uma ironia que 40 anos de emancipação feminina apenas tenham conseguido transformar as mulheres num bem de consumo, numa coisa que se usa e se deita fora. Naturalmente que os homens também desempenharam um papel neste processo, mas as mulheres deviam ser mais cautelosas, como aliás sempre foram. Antigamente, as raparigas distinguiam o tipo de mulheres com quem os homens saem do tipo de mulheres com quem se casam; hoje em dia, já não fazem essa distinção. Mas a verdade é que, na sua maioria, os homens preferem a formosura ao picante. Eu ainda andava no 6º ano, e já detestava a Olivia Newton John «picante», e tinha pena que ela tivesse tido de se degradar daquela maneira. E ainda tenho. O nosso problema é que a sociedade deixou de dar valor à inocência, real ou imaginada. Já ninguém aspira a ser inocente. As raparigas já não querem ser tidas por inocentes, por boas meninas; não querem ser formosas, querem ser picantes. Mas eu ainda tenho a esperança de que a formosura volte a estar na moda, embora me pareça que não será para breve: por cada Taylor Swift, há hoje uma centena de Megan Fox, Lindsay Lohan, Miley Cyrus, etc.

Meninas, por favor, recuperem a formosura!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça bom uso deste espaço! Críticas construtivas e bem fundamentadas são bem-vindas.
Os comentários são moderados.